Craíbas, no agreste de Alagoas, abriga uma das maiores jazidas de cobre do estado, explorada pelo Projeto Serrote, da mineradora Vale Verde — recentemente adquirida pela chinesa Baiyin Nonferrous por R$ 2,39 bilhões. Em 2023, o município arrecadou mais de R$ 5 milhões em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
No entanto, essa riqueza contrasta com o abandono social e ambiental vivido pela população local. Comunidades como Olho d’Água, Areia Branca e Folha Miúda enfrentam explosões diárias, casas rachadas, falta de água, escolas prejudicadas pela poeira e unidades de saúde sucateadas.
A Defensoria Pública de Alagoas acionou a Justiça contra a Prefeitura, cobrando transparência no uso dos recursos da CFEM, elaboração de um plano de investimentos sociais e realocação imediata de famílias em áreas de risco.
A ação também pede indenização por danos morais coletivos e a implementação urgente de medidas corretivas. Para o órgão, a gestão municipal é omissa e viola direitos fundamentais da população.
Apesar da mineradora negar a relação entre as explosões e os danos às residências, moradores denunciam rachaduras, perda de móveis, doenças respiratórias e sumiço de nascentes.
Ainda há queixas sobre o uso excessivo de explosivos, descarte inadequado de rejeitos e falta de consulta às comunidades afetadas. O Portal da Transparência municipal não apresenta informações claras sobre a destinação dos recursos da mineração, o que agrava a desconfiança popular.
A Defensoria exige da Prefeitura um plano detalhado com metas, prazos e fiscalização independente, priorizando obras em saúde, saneamento, habitação e mobilidade. Em Craíbas, a promessa de desenvolvimento ligada à mineração dá lugar a um cotidiano de violações e abandono, onde o lucro bilionário contrasta com a miséria à superfície.
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